''Quem supôs que um cachorro precisa de roupas e brinquedos?
As necessidades se impõem ao freguês que vive para o trabalho e trabalha para comprar. É o compro , logo existo''.
Regina Régia, pedagoga.
FILOSOFIA O que é a nova sociedade de consumo e o papel da felicidade na sua dinâmica?
Gilles Lipovetsky***( este pensador é genial!) É muito complicado, existem muitas coisas envolvidas.
Escrevi um livro para descrevê-la chamando de "hiperconsumista", isto
é, que consome de uma maneira "hiperindividualizada". Ela é baseada
nos indivíduos e não mais na família, por exemplo, como no caso da telefonia.
Cada membro da família tem um telefone atualmente, até mesmo as crianças, e
isso pode ser estendido aos computadores e máquinas fotográficas, etc.
Portanto, cada vez mais por meio do "hiperconsumismo" cada indivíduo
pode construir sua vida de uma maneira mais autônoma e livre, porque se é menos
tributário do ponto de vista coletivo.
FILOSOFIA Isso ocorre em todas as classes sociais?
Gilles Lipovetsky O "hiperconsumo" é igualmente responsável pelo desaparecimento da cultura de classes. Nas favelas, por exemplo, mesmo os pobres conhecem as marcas de luxo, acompanham a moda, sabem de marcas conhecidas e querem viajar em férias por causa da publicidade e da televisão. As classes sociais ainda existem, há cada vez mais os mais ricos e os mais pobres e grandes injustiças, porém, ao mesmo tempo, todos têm o mesmo ponto de referência. E aqui surgem alguns problemas, porque os pobres desejam ter um carro, viajar, consumir marcas famosas e se frustram porque nem sempre têm dinheiro. Cria-se, dessa maneira, uma sociedade da frustração.http://filosofiacienciaevida.uol.com.br/ESFI/Edicoes/49/artigo179777-3.asp
Gilles Lipovetsky O "hiperconsumo" é igualmente responsável pelo desaparecimento da cultura de classes. Nas favelas, por exemplo, mesmo os pobres conhecem as marcas de luxo, acompanham a moda, sabem de marcas conhecidas e querem viajar em férias por causa da publicidade e da televisão. As classes sociais ainda existem, há cada vez mais os mais ricos e os mais pobres e grandes injustiças, porém, ao mesmo tempo, todos têm o mesmo ponto de referência. E aqui surgem alguns problemas, porque os pobres desejam ter um carro, viajar, consumir marcas famosas e se frustram porque nem sempre têm dinheiro. Cria-se, dessa maneira, uma sociedade da frustração.http://filosofiacienciaevida.uol.com.br/ESFI/Edicoes/49/artigo179777-3.asp
Haverá limites à
obsolescência? Um dia a superprodução fará com que a oferta seja assustadoramente
superior à demanda? Tudo indica que não. A indústria há tempos aprendeu que o
consumidor é irracional, não se move por princípios, e sim por efeitos. É a
emoção que o faz aproximar do balcão.
A
intimidade cede lugar à ''extimidade'', na expressão de Bauman. Faz desabar todos
os muros da privacidade. A ponto de as pessoas se tornarem mercadorias
vendáveis, vitrines ambulantes que esperam ser admiradas, desejadas, invejadas
e cobiçadas. Daí o oneroso investimento em academias de ginástica, cosméticos,
plásticas etc. Muitos buscam ansiosos ser objetos de desejo. Porque a sua
autoestima depende do olhar alheio. E o mercado sabe muito bem manipular essa
baixa autoestima.
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* Frei Betto é
escritor, autor de Alfabetto
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